quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Relato de vivências

O primeiro impacto com uma morte familiar

Dia 28 de Maio de 2009, alvorada as 7:40 da manhã. Mais um dia de aulas, com a única diferença que era o dia de anos de uma colega e amiga de longa data. Graças ao belo dia que estava, permitiu-nos preparar uma festa de surpresa num jardim ali perto.
Como só tínhamos aulas de manhã, fomos todos almoçar ao centro comercial perto da escola, como era de esperar foi muito animado e divertido. De seguida a turma dividiu-se, uns foram buscar o bolo para fazer a surpresa e outros encarregaram-se de manter a aniversariante ocupada. Depois de recebermos o telefonema a dizer que já tinham o bolo, seguimos para o jardim, vendamos-lhe os olhos, para que ela não percebesse onde estava nem o que ia acontecer. Quando fizemos a contagem para ela tirar a venda, começamos a cantar em couro o famoso “ Parabéns a você”, e cumprimos com o nosso o objectivo, deixá-la completamente de queixo caído. Mais tarde, quando cada um já estava com a sua fatia de bolo na mão, e em clima de festa, recebo uma chamada da minha mãe.
Parecia uma chamada completamente normal vinda de uma mãe galinha, até que ela começa a dizer que é melhor não ir à dança, e eu com admiração perguntei-lhe o porquê, e bastou dizer uma simples frase “ A tua tia Laura morreu”. Conforme ouvi a frase, as lágrimas corriam com uma violência imensa pelo meu rosto. Tudo à minha volta parou, as únicas coisas que passaram na minha cabeça, e nos meus olhos, foi um pequeno filme de todas as memórias que tinha com ela. É engraçado como tantas memórias vividas, dão para fazer um filme de segundos.
As conversas à minha volta pararam, e resultaram de perguntas como “ o que é que se passa? O que é que aconteceu? “, só consegui responder “ A minha tia morreu”, e começaram logo os abraços de apoio de toda a gente, o que foi um grande conforto para mim. Não foi propriamente a morte da minha tia que me deixou assim, apesar de gostar muito dela, foi mais a sensação de perder alguém da nossa família, e sentirmo-nos impotentes, ainda por cima quando se trata de suicídio. Mas na vida, há o nascimento e a morte, e temos que aceitar as duas de igual maneira. E em relação àquela turma, estará sempre no meu coração, sentíamo-nos como uma família, tínhamos companheirismo e união aplicava-se perfeitamente lema “Um por todos, e todos por um”.